sábado, 24 de novembro de 2012

CARTÃO DE CRÉDITO SEM DÍVIDA!


Uma realidade irrefutável do mundo atual é a utilização de meios alternativos ao dinheiro na hora de pagar as compras. Isso é uma tendência mundial da qual não dá para escapar, sobretudo se você é o tipo de pessoa que costuma viajar.

O chamado “dinheiro de plástico” veio para substituir o em espécie, aquele coloridinho com os animais da fauna brasileira, que ficam lindos dentro das nossas bolsas e carteiras. Até rimou! Os cartões de débito e crédito são ambos muito úteis, o primeiro constituindo a principal alternativa para os pagamentos à vista, já que hoje se usa cada vez menos os cheques, e o segundo uma alternativa para a compra a prazo.

O problema do “dinheiro de plástico” é que não se vê o dinheiro que se gasta, tornando-se muito fácil perder as contas do quanto se gastou. Se esse não é um problema para você, parabéns! Saiba, no entanto, que nesse exato momento milhões de pessoas Brasil afora estão superendividadas em cartões de crédito e outras estão prestes a estar...

Como sugere o título deste post o cartão de débito está fora de nosso interesse no momento, assim, fiquemos com o de crédito, afinal, se você ainda não ficou “pendurado no cartão”, é um forte candidato a sê-lo no futuro. Isso não é agouro, não! Muito pelo contrário, um alerta e como diz o velho ditado - "quem avisa, amigo é".

Uma vez entendido que toda compra em cartão de crédito é necessariamente à prazo, tudo começa a fazer sentido, pois tudo que se compra à prazo tem um custo a mais... Aposto que você está dizendo que as Casas Bahia não cobram juros quando o preço de produto parcelado é mesmo de à vista. Seria bom se fosse verdade, mas infelizmente não é assim, assim como não é com o cartão de crédito. Agora talvez você entenda porque nas ruas do centro da cidade se ofereçam cartões de crédito aos transeuntes e porque vivem ligando do Itaú para oferecerem-lhe um ITAUCARD (para mim já foram umas centenas de vezes)!

Afinal, onde estão os juros do cartão se eu pago o mesmo preço do produto que comprei e nenhum centavo a mais. Bem, pode estar embutido na anuidade ou mensalidade (acreditem, existem cartões que cobram mais de 40 reais ao mês para você ser um cliente Platinum!) ou ainda na possibilidade. Possibilidade, como assim?

O banco lhe concede um cartão sabendo que você tem uma renda X e ele lhe oferece um limite X+1 para que você tenha a possibilidade de endividar-se. Essa possibilidade quando se concretiza vira uma bola de neve por vezes de crescimento irreversível, a não ser diante de uma série de medidas drásticas... Bem, não queremos ter que lidar com essas medidas drásticas, então fiquemos com a prevenção.

Clique sobre a figura e observe a parte destacada em vermelho.



Essa é uma parte da fatura que a maioria das pessoas nunca observa. O governo há uns tempos atrás obrigou os cartões a deixarem explícito em cada fatura o quanto de encargos o usuário pagaria, caso fizesse o pagamento mínimo (pois antes a informação era obscura!). Se o usuário "Raimundo Faz Tudo", do cartão acima, pagasse o mínimo da fatura (R$410,92), teria que pagar R$349,10 somente de juros na próxima fatura. 410,92 - 349,10 = 61,82 reais, seria a diferença entre os juros e o pagamento mínimo. Ou seja, a próxima fatura teria um valor apenas R$61,82 menor que a atual. Enfim, se a pessoa pagar só o mínimo... pagará e pagará e pagará e nunca acabará... e no dia que morrer, para a família a dívida deixará.

Veja que o total da fatura deu R$ 2.739,48. A custo mensal de juros desse cartão é de 14,49% ao mês, fora outros encargos que podem incidir sobre a dívida, ou seja o juro efetivo ao mês é maior do que isso. Mas você já deve ter visto propagandas na TV e no rádio dizendo que os cartões do BB, ITAÚ, CAIXA etc. baixaram sua taxa de juros. Não caia nessa! Alguns até baixaram, mas porque gastam dinheiro com publicidade para dizer a todo mundo? Para que os desavisados se endividem cada vez mais. Como você agora é avisado, não cairá mais nessa.

Mesmo com os juros mais baixos (não é o caso do exemplo acima) o custo anual de um cartão de crédito é bem superior ao do cheque especial. Não quero que você entre no cheque especial, mas em alguns casos entrar no cheque especial para saldar o cartão pode ser menos prejudicial ao seu bolso que rolar a dívida do cartão. Observe que o custo anual do cartão acima é 453,46%!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Será que você tem a verdadeira noção do que isso significa?

453,46% de juros ao ano faz, por exemplo, com que uma pessoa que deve R$1.000,00 ao cartão e rola a dívida há um ano (sem fazer absolutamente nenhuma nova compra) tenha que pagar R$1.000,00 + R$4.534,60 (de juros) = R$5.534,60 – como diria Boris Casoy “isto é uma vergonha!”

Já pensou você pedir 10 reais emprestado ao seu irmão e ele dizer: “tudo bem, pega aí. Mas daqui a doze meses você vai me pagar 55 reais e 35 centavos”. Aposto que você não faria esse empréstimo, ou arranjaria outro irmão. Bem, acho que é mais fácil simplesmente não fazer o empréstimo.

Você deve está apavorado, ou será que ainda não consegui fazer isso? A poupança, com sorte, renderá 6% no ano de 2012 (devido à queda da SELIC). 6%!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Uma mixaria. Entenda que o cartão de crédito é muitíssimo esperto, pois ele sabe iludir a todos nós, pessoas de bem, que de juros não entendem muito bem. Assim, ele consegue ganhar de um devedor centenas de vezes mais do que a aplicação mais rentável que você possa conhecer no mundo financeiro!

Então, seu Daniel autor desse belo blog, o que devo fazer?

Algumas dicas práticas para evitar o endividamento no cartão de crédito:

1. Prefira cartões sem anuidade (tenho 3 e pago zero anuidade sem ser milionário, para isso converse com seu banco).

2. Evite compras parceladas (mesmo as “sem juros”), pois elas são uma larga porta de entrada para o endividamento.

3. Limite o número de cartões de crédito (tenho três com anuidade zero, mas só uso um), o excesso deles é também uma larga porta de entrada para o endividamento.

4. Não se impressione com os programas de pontos, pois eles existem para estimular o consumo e consequentemente o endividamento (os administradores também estudaram a Psicologia Comportamental de Skinner na disciplina de Psicologia!).

5. Só compre o que puder efetivamente pagar. Jamais compre algo com um “dinheiro que você vai ter, mas ainda não tem”, pois imprevistos podem ocorrer, como uma doença, você perder o emprego, ou o seu cliente não lhe pagar.  Não comprometa seu salário que ainda não saiu com a fatura do cartão a ser paga no próximo mês.

6. Abra uma poupança que será zerada todo mês na data do pagamento do cartão. Conforme for fazendo compras, sempre transfira o equivalente a elas para essa poupança. No dia do pagamento é só resgatar a poupança integralmente e pagar o cartão sem sufoco.

7. Estipule um limite seu (não o do cartão) para a utilização dele. Suponhamos que o limite seja do cartão seja 4.000 reais, estipule gastar no máximo até 1.000 reais, e quando chegar nesse valor ou próximo dele, simplesmente tire-o da sua carteira e deixe-o bem guardado no fundo do guarda-roupas até o próximo mês!

8. Se você não costuma controlar as despesas no cartão, destrua-o e cancele-o imediatamente (sem cair na conversa do teleatendimento) ou retire-o da carteira e passe a usá-lo em compras muito específicas, como a compra de uma geladeira paga à prestação.

Acredito que essas dicas são muito úteis. Não as tirei de canto nenhum, pois eu mesmo as pratico. Para finalizar, quero que você saiba que pesquisas já mostraram que os usuários de cartões de crédito tendem a gastar 30% a mais do que o que ganham, sendo os maiores endividados adultos jovens, e claro, nunca se esqueça que as taxas de juros praticadas por eles são seguramente as mais altas do mercado.

Espero ter acrescentado à sua vida financeira.

Até o próximo post e bons investimentos!
Daniel