Uma realidade irrefutável do
mundo atual é a utilização de meios alternativos ao dinheiro na hora de pagar
as compras. Isso é uma tendência mundial da qual não dá para escapar, sobretudo
se você é o tipo de pessoa que costuma viajar.
O chamado “dinheiro de plástico”
veio para substituir o em espécie, aquele coloridinho com os animais da fauna
brasileira, que ficam lindos dentro das nossas bolsas e carteiras. Até rimou!
Os cartões de débito e crédito são ambos muito úteis, o primeiro constituindo a
principal alternativa para os pagamentos à vista, já que hoje se usa cada vez
menos os cheques, e o segundo uma alternativa para a compra a prazo.
O problema do “dinheiro de
plástico” é que não se vê o dinheiro que se gasta, tornando-se muito fácil
perder as contas do quanto se gastou. Se esse não é um problema para você,
parabéns! Saiba, no entanto, que nesse exato momento milhões de pessoas Brasil
afora estão superendividadas em cartões
de crédito e outras estão prestes a estar...
Como sugere o título deste post o cartão de débito está fora de nosso
interesse no momento, assim, fiquemos com o de crédito, afinal, se você ainda
não ficou “pendurado no cartão”, é um forte candidato a sê-lo no futuro. Isso
não é agouro, não! Muito pelo contrário, um alerta e como diz o velho ditado - "quem avisa, amigo é".
Uma vez entendido que toda
compra em cartão de crédito é necessariamente à prazo, tudo começa a fazer
sentido, pois tudo que se compra à prazo tem um custo a mais... Aposto que você
está dizendo que as Casas Bahia não cobram juros quando o preço de produto
parcelado é mesmo de à vista. Seria bom se fosse verdade, mas infelizmente não
é assim, assim como não é com o cartão de crédito. Agora talvez você entenda
porque nas ruas do centro da cidade se ofereçam cartões de crédito aos
transeuntes e porque vivem ligando do Itaú para oferecerem-lhe um ITAUCARD (para mim já foram umas centenas de
vezes)!
Afinal, onde estão os juros do
cartão se eu pago o mesmo preço do produto que comprei e nenhum centavo a mais.
Bem, pode estar embutido na anuidade ou mensalidade (acreditem, existem cartões
que cobram mais de 40 reais ao mês para você ser um cliente Platinum!) ou ainda na possibilidade.
Possibilidade, como assim?
O banco lhe concede um cartão
sabendo que você tem uma renda X e ele lhe oferece um limite X+1 para que você
tenha a possibilidade de endividar-se. Essa possibilidade quando se concretiza
vira uma bola de neve por vezes de crescimento irreversível,
a não ser diante de uma série de medidas drásticas... Bem, não queremos ter que
lidar com essas medidas drásticas, então fiquemos com a prevenção.
Clique sobre a figura e observe
a parte destacada em vermelho.
Essa é uma parte da fatura que a
maioria das pessoas nunca observa. O governo há uns tempos atrás obrigou os
cartões a deixarem explícito em cada fatura o quanto de encargos o usuário
pagaria, caso fizesse o pagamento mínimo (pois antes a informação era
obscura!). Se o usuário "Raimundo Faz Tudo", do cartão acima, pagasse
o mínimo da fatura (R$410,92), teria que pagar R$349,10 somente de juros na
próxima fatura. 410,92 - 349,10 = 61,82 reais, seria a diferença entre os juros
e o pagamento mínimo. Ou seja, a próxima fatura teria um valor apenas R$61,82
menor que a atual. Enfim, se a pessoa pagar só o mínimo... pagará e pagará e
pagará e nunca acabará... e no dia que morrer, para a família a dívida deixará.
Veja que o total da fatura deu
R$ 2.739,48. A custo mensal de juros desse cartão é de 14,49% ao mês, fora
outros encargos que podem incidir sobre a dívida, ou seja o juro efetivo ao mês
é maior do que isso. Mas você já deve ter visto propagandas na TV e no rádio
dizendo que os cartões do BB, ITAÚ, CAIXA
etc. baixaram sua taxa de juros. Não caia nessa! Alguns até baixaram, mas
porque gastam dinheiro com publicidade para dizer a todo mundo? Para que os
desavisados se endividem cada vez mais. Como você agora é avisado, não cairá
mais nessa.
Mesmo com os juros mais baixos
(não é o caso do exemplo acima) o custo anual de um cartão de crédito é bem
superior ao do cheque especial. Não quero que você entre no cheque especial,
mas em alguns casos entrar no cheque especial para saldar o cartão pode ser menos
prejudicial ao seu bolso que rolar a dívida do cartão. Observe que o custo
anual do cartão acima é
453,46%!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Será que você tem a verdadeira noção do que isso significa?
453,46% de juros ao ano faz, por
exemplo, com que uma pessoa que deve R$1.000,00 ao cartão e rola a dívida há um
ano (sem fazer absolutamente nenhuma nova compra) tenha que pagar R$1.000,00 +
R$4.534,60 (de juros) = R$5.534,60 – como diria Boris Casoy “isto é uma vergonha!”
Já pensou você pedir 10 reais
emprestado ao seu irmão e ele dizer: “tudo bem, pega aí. Mas daqui a doze meses
você vai me pagar 55 reais e 35 centavos”. Aposto que você não faria esse
empréstimo, ou arranjaria outro irmão. Bem, acho que é mais fácil simplesmente não fazer o empréstimo.
Você deve está apavorado, ou
será que ainda não consegui fazer isso? A poupança, com sorte, renderá 6% no
ano de 2012 (devido à queda da SELIC).
6%!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Uma mixaria. Entenda que o
cartão de crédito é muitíssimo esperto, pois ele sabe iludir a todos nós,
pessoas de bem, que de juros não entendem muito bem. Assim, ele consegue ganhar
de um devedor centenas de vezes mais do que a aplicação mais rentável que você
possa conhecer no mundo financeiro!
Então, seu Daniel autor desse
belo blog, o que devo fazer?
Algumas dicas práticas para
evitar o endividamento no cartão de crédito:
1. Prefira cartões sem anuidade (tenho 3 e pago zero
anuidade sem ser milionário, para isso converse com seu banco).
2. Evite compras parceladas (mesmo as “sem juros”),
pois elas são uma larga porta de entrada para o endividamento.
3. Limite o número de cartões de crédito (tenho três
com anuidade zero, mas só uso um), o excesso deles é também uma larga porta de
entrada para o endividamento.
4. Não se impressione com os programas de pontos,
pois eles existem para estimular o consumo e consequentemente o endividamento
(os administradores também estudaram a Psicologia Comportamental de Skinner na disciplina de Psicologia!).
5. Só compre o que puder efetivamente pagar. Jamais
compre algo com um “dinheiro que você vai ter, mas ainda não tem”, pois
imprevistos podem ocorrer, como uma doença, você perder o emprego, ou o seu
cliente não lhe pagar. Não comprometa
seu salário que ainda não saiu com a fatura do cartão a ser paga no próximo
mês.
6. Abra uma poupança que será zerada todo mês na data
do pagamento do cartão. Conforme for fazendo compras, sempre transfira o
equivalente a elas para essa poupança. No dia do pagamento é só resgatar a
poupança integralmente e pagar o cartão sem sufoco.
7. Estipule um limite seu (não o do cartão) para a
utilização dele. Suponhamos que o limite seja do cartão seja 4.000 reais,
estipule gastar no máximo até 1.000 reais, e quando chegar nesse valor ou
próximo dele, simplesmente tire-o da sua carteira e deixe-o bem guardado no
fundo do guarda-roupas até o próximo mês!
8. Se você não costuma controlar as despesas no
cartão, destrua-o e cancele-o imediatamente (sem cair na conversa do teleatendimento)
ou retire-o da carteira e passe a usá-lo em compras muito específicas, como a
compra de uma geladeira paga à prestação.
Acredito que essas dicas são
muito úteis. Não as tirei de canto nenhum, pois eu mesmo as pratico. Para
finalizar, quero que você saiba que pesquisas já mostraram que os usuários de
cartões de crédito tendem a gastar 30% a mais do que o que ganham, sendo os
maiores endividados adultos jovens, e claro, nunca se esqueça que as taxas de
juros praticadas por eles são seguramente as mais altas do mercado.
Espero ter acrescentado à sua
vida financeira.
Até o próximo post e bons investimentos!
Daniel
Olá Psicologia! Esses juros exorbitantes (segundo as operadoras) são o custo pago por todos pela suposta média de risco entre bons pagadores e maus pagadores. Claro que isso é algo fora da realidade e o governo já sinalizou que vai pegar no pé das operadoras de cartões, à exemplo do que já fez com os bancos e elétricas. Um grande abraço!
ResponderExcluirCaro Rico por Acaso (Porque ninguém fica rico por acaso),
ExcluirMuito me honra uma visita sua em meu humilde blog. Sua explicação está ótima, realmente tem a ver com o risco do "empréstimo" feito pelos cartões ao usuário. Mas esses juros são tão altos que para mim soam mais como enriquecimento ilícito!
Forte abraço e Ótimos Investimentos!
Daniel