Gostaria de iniciar o post fazendo "um minuto de barulho" em homenagem a Joelmir Beting, conforme recomendação da carta lida ao vivo no dia de sua passagem. Sem dúvida alguma, um brasileiro brilhante!
Onde
está a sua fé? Em que ou em quem você tem fé? No momento em que voo de Fortaleza
para São Paulo, tenho fé em Deus que chegarei lá, tenho fé (confiança) na
habilidade do piloto e do copiloto de conduzirem a aeronave...
Para
tudo na vida existem expectativas, ou alvos que queremos alcançar. Skinner, um
dos maiores psicólogos que já existiu (um dia dedicarei um post só para ele) e
nos ensinou sobre o comportamento operante, diria que tudo são tão somente comportamentos
e que esses ocorreriam dependendo de como e quão frequentemente fossem
reforçados. No caso do avião, quantas vezes eu havia confiado em Deus e na
capacidade dos pilotos para chegar ao meu destino são e salvo e havia
funcionado... Já fiz dois pousos de emergência! (sem danos, no entanto).
Este
não é um post religioso, mas com certeza lhe fará refletir sobre algumas
questões próprias da vida de investidor em renda variável. É sempre corriqueiro
ouvir-se que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura, que
os analistas de mercado ou de corretoras simplesmente parecem prever o que
ocorrerá nos próximos meses na bolsa de valores de forma amiúde aleatória, ou
que investir na bolsa de valores é bastante arriscado, por isso você não
deveria começar antes de ler bastante sobre o assunto, ou que todos que
investem na bolsa começam perdendo dinheiro...
Bem,
o fato é que para investir é preciso ter fé. Você não ouviu bem? Sim, é fé
mesmo, mesmo que você se queixe de ser ateu. Acho que você, leitor, já deve ter-se
deparado com a afirmação de que para investir em ações você deveria ser
pessimista (quando a maioria dos investidores estava otimista) e otimista
(quando a maioria dos investidores estava pessimista).
Recentemente
estive lendo mais um livro do renomado Dr. Alexander Elder. Apesar de não
simpatizar muito com o método de análise técnica, aquele que fica procurando
tendências em gráficos de ações, gosto muito da maneira divertida e
aparentemente sincera com a qual esse autor escreve seus livros. O último que
li foi o festejado Trading For A Living, que para alguns investidores é como se
fosse o “Intelligent Investor” da análise técnica.
Embora
Elder às vezes soe um tanto repetitivo, ele nos ensina uma importante lição:
ter muito cuidado ao “brincar” com o mercado, afinal, não queremos perder
dinheiro. Se não queremos perder dinheiro, porque será que investimos em algo
que todo mundo diz ser muito arriscado, volátil, que traz prejuízos anualmente
a mais da metade das pessoas que investem nesse tipo de aplicação financeira?
Skinner,
o criador da Análise Experimental do Comportamento, diria que isso
provavelmente se daria pelo fato de ouvirmos sempre estórias sobre alguém que
ficou rico com ações. Essas estórias seriam reforçadoras do comportamento de
investir em ações, assim como o fato de que eventualmente alguma ação na
carteira desse investidor teria uma alta expressiva ou lhe pagaria gordos
dividendos, fazendo mais uma vez com que o comportamento de investir fosse
reforçado, ou seja, recompensado por consequências positivas. Skinner era
realmente genial!
No
entanto, ainda não cheguei onde quero... Se no mercado é tão difícil de ganhar
dinheiro, porque continuamos a investir nele? Certamente porque somos muito
mais otimistas do que imaginamos. Minha carteira de ações, por exemplo, já caiu
esse ano mais de 30% do seu valor total. Mas como não tenho pressa em rever
esse dinheiro (mas é claro que quanto mais rápido, melhor!), disponho da
possibilidade de aguardar que as ações subam e voltem a dar lucro para mim, um
reles mortal que sonha em obter gordos rendimentos investindo em ações num país
em desenvolvimento, da América do Sul.
Se
todos fossem pessimistas, e a maioria dos muito entendidos do mercado nos
ensinam a sê-lo, simplesmente não investiríamos, ninguém estaria na bolsa, estaríamos
100% em renda fixa, talvez comprando títulos da dívida pública, sim pois mesmo
os fundos de ações que se gabam de ser diversificados, mais seguros que ações,
geridos por especialistas e blá blá blá blá, na maioria das vezes perdem da
poupança e de bons CDBs... Vejam esse post de um blog que muito admiro e tenhoseguido de perto e comprovem.
Somos
pessoas de fé, não porque o Brasil se diga católico, mas porque apesar das
evidências se mostrarem contrárias, como no dado momento em que as ações da
Eletropaulo (ELPL4) e da Eletrobrás (ELET3) batem no fundo do poço, acreditamos
piamente na virada do mercado, com a qual lucraremos (talvez não tanto quanto
desejamos) e partiremos para outras aventuras (empreendimentos responsáveis)
que nos conduzirão ao primeiro, de muitos milhões.
Sinceramente,
esse é meu desejo para mim e para vocês, investidores de fé.
Já
ouvi e li sábios do assunto dizendo que não adianta comprar uma ação e ficar
torcendo ou rezando para ela subir... que o investidor deve ser 100% neutro,
não emocional e blá blá blá blá blá blá... Será? Mas, afinal, se ninguém sabe o
futuro (e todos concordam nisso), não custa nada torcer um pouquinho, não é? A
questão é que a escolha da ação para o seu time de ações precisa ser tão bem
pensada quanto a compra de um jogador para um time de futebol.
Se
você não tem fé, o que está fazendo na bolsa? Sem fé, é impossível sobreviver à
bolsa de valores.
Bons
investimentos e até o próximo post!
Comentem!