Por vezes tenho a sensação estranha de que a maioria das pessoas não se incomoda com suas finanças e com os planejamentos que envolvam suas economias. Olho ao redor e percebo pessoas gastando o que não tem para buscarem a tão sonhada "felicidade", vejo outras que tem tanto que em uma única noite de farra podem gastar o que daria para sustentar duas famílias de classe média durante um mês.
Aqui em São Paulo o rodízio de carros tem sido a única solução, ainda que tortuosa, para a quantidade excessiva de carros na cidade. Neste momento me vem à mente a quantidade de propagandas de automóveis que ocorrem no horário "nobre", todas mostram pessoas felizes e "plenas" dirigindo um belo carro por uma estrada ou rua fictícia, que em nada lembra a situação real de trânsito de uma grande cidade, que tem fumaça, buzinas excessivas, stress e, principalmente, muito, mas muito trânsito! Parece-me que os setores de marketing precisam quase sempre apelar para as impossíveis e improváveis circunstâncias da ficção para poderem vender mais, sem faltar com apelo erótico, é claro.
Qual o resultado de tudo isso e dos feirões de automóveis que ocorrem todos os fins de semana alegando serem a última oportunidade da face da terra para se comprar um automóvel a um preço justo? Mais carros vendidos por metro quadrado, especialmente porque são pagos com 0% de juros! Mais uma da publicidade (mentirosa, diga-se de passagem) das companhias que fabricam e anunciam os automóveis. JUROS ZERO, NÃO EXISTEM! Quem compra um carro em 30 vezes, não deveria ser ingênuo a ponto de achar que o banco que financiaria a compra de um bem de mais de 30 mil reais, não cobraria nada por isso. Se o banco fizesse isso, seria uma instituição de caridade, juntamente com o fabricante de atutomóveis, que, por sua vez, é tão preocupado com a segurança de seus clientes que lhe vende um carro com 27 porta-objetos, para-choques na cor do veículo e nenhum airbag!
Sei que pessoas que gastam mais do que possuem podem fazê-lo por uma inabilidade essencial (sem causa específica) de administrar o que possuem, mas a publicidade enganosa e apelativa tem, na verdade, se instalado no subconsciente (ou inconsciente) delas, de forma que são levadas ao consumo desenfreado. Será que existimos somente para consumir?
Conheço hoje alguns casais que já passaram dos 25 anos de casados, ou seja, tem meia idade e por não terem se programado para essa fase da vida vivem apertados, tendo, muitas vezes, dificuldades de pagarem até o plano de saúde. Não saberia ao certo se todos os casais que conheço nessa situação deliberadamente eram "gastões" quando mais novos, mas o fato é que se tivessem criado o hábito de poupar e investir, a história hoje deveria ser diferente.
Quem gasta demais, ou acha que sem controlar suas economias ficará bem no futuro se engana. Haverá um tempo no qual você estará menos disposto para o trabalho ou sua saúde não permitirá que se esforce tanto. Nesta etapa da vida quem gardou no passado levará grande vantagem em termos de tranquilidade e qualidade de vida. Percebam, não há receita infalível, pois planos econômicos e/ou investimentos incaltos podem causar danos, por vezes, irreparáveis, mas quem não guarda dinheiro e não administra a vida financeira, é como quem vive fumando o tempo inteiro... todos sabemos que a morte pelo cigarro é lenta, ninguém morre de câncer com uma semana de uso do fumo, mas levam-se anos a fio. Da mesma sorte, quem não administra o que tem está definhando seu patrimônio e futuramente terá grandes chances de desenvolver um câncer financeiro, com grandes probabilidades de dor e sofrimento.
Mas nem só de dinheiro viverá o homem, você pode estar pensando... mas da miséria é que ele não viverá!
Então o que fazer? Devo comprar um livro sobre finanças, devo ler esse blog semanalmente, por onde começar? Penso que o melhor a se fazer é ficar atento, percebendo o quanto se quer vender, a todo custo, a todo momento, não importando como... sim, bem-vindo ao capitalismo, que distribui muito para poucos e endivida a maioria.
A questão parece ser também equacionar o que se faz da vida e, invariavelmente, do dinheiro. Não quero aqui determinar um estilo de vida para você, leitor, mas, pelo contrário, quero que se sinta livre para escolher, lembrando que a diferença entre a dose terapêutica e o veneno é, tão somente, a dose. Achar o ponto de equilíbrio para se viver satisfeito com o que se tem, sem esbanjar o que não se tem, é um arte, leva tempo... mas é possível.
Voltando à minha inquietação inicial, a quantidade de carros nas ruas de São Paulo diminuiriam sensivelmente no horário de rush se o rodízio proposto fosse o de carros financiados - quem tivesse carro financiado não poderia trafegar naquele dia, como propôs o jornalista José Simão. Seria perfeito! Penso que até a qualidade do ar melhoraria por pelo menos um dia. Quando no horário "nobre", você ouvir novamente aquele locutor, da bela voz grave, falando que das vantagens de se comprar aquele carro... lembre-se que ao comprar um carro novo, precisará também de um seguro para autos, o consumo de combustível pode aumentar com o possante motor e a manutenção talvez estoure seu orçamento, pois a garantia de 5 anos não dá direito a revisões gratuitas.
Fico por aqui edesejo, sinceramente, bons investimentos!
DF
Fico por aqui edesejo, sinceramente, bons investimentos!
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Daniel