segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Como Escolher um Fundo de Investimento: tudo que você sempre quis saber e seu banco nunca quis lhe contar


Caros leitores, há dias venho batalhando internamente sobre como fazer este post. Lá pelo início de minhas intenções com este blog me propus a explicar os princípios de investimentos para os leigos, sim, por isso mesmo, dou continuidade a esta nobre missão. Como psicólogo me interesso pelos comportamentos dos investidores frente ao mercado e ao seu dinheiro, já como investidor, me interesso em repassar o que tenho aprendido sobre a complexa e bela arte de investir e, às vezes, especular também!


Proponho-me hoje a abordar os fundos de investimentos (FIs). Existem centenas, talvez milhares de sítios que exploram a definição de um FI, por conseguinte, não pretendo "inventar a roda" e ficarei com a seguinte definição: "é um condomínio que reúne recursos de um conjunto de investidores, com o objetivo de obter ganhos financeiros a partir da aquisição de uma carteira de títulos ou valores mobiliários."(1) Traduzindo, é um grupo de pessoas que buscam ter rendimentos diferenciados, acima da média do mercado e se associam para este fim. Afinal, um micro ou pequeno investidor como eu e você tem um poder de barganha muito limitado, no entanto, vários investidores como eu e você, juntos, podem tem um poder de barganha bem mais interessante, uma vez que a quantidade de dinheiro a ser administrada pelo fundo deixa de ser alguns milhares de reais, para serem milhões ou centenas de milhões de reais.

Portanto, como se diz popularmente "a união faz a força". Este é um aspecto importante dos FIs. Mas você deve estar se perguntando como é possível "se associar" a um deles. Fácil, basta você procurar um banco ou corretora de valores mobiliários para ver quais os fundos disponíveis para aplicação. Se você acessar o site de seu banco vai perceber que existem fundos abertos a captação de recursos e outros que estão fechados, ou seja, de todos os fundos que o seu banco dispõe, apenas em alguns deles será possível você aplicar o seu dinheiro. Um outro motivo para isso também é que cada um dos fundos tem um valor de aplicação inicial diferente. Por exemplo, existem FI que aceitam aplicações a partir de 100 reias, outros a partir de 100 milhões de reias, existindo, assim, um que caiba nas suas possibilidades.

Quando você decide finalmente aplicar o seu dinheiro num FI você estará, na verdade, comprando cotas dele. É só lebrar da definição do condomínio, num condomínio você (normalmente) não é dono de todos os apartamentos, mas comprou apenas um ou de uma parcela de apartamentos dele. Nesse sentido, compramos pequenas partes do FI para nos tornarmos "sócios" dele. Recentemente houve um personagem da novela das nove da Globo que teve seu FI "quebrado" por um resgate (saque) de um grande volume do dinheiro nele aplicado. Bem, este é um dos riscos do negócio. No entanto, existe a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que fiscaliza os FIs, obrigando-os a seguirem regulamentos que, por exemplo, não permitem (normalmente) que um cotista detenha, mais da metade das cotas de um fundo. Apesar disso, os riscos continuam a existir (discutiremos isso no próximo post). Portanto, conheça primeiro no que está colocando o seu dinheiro para não perder dinheiro.

Os FIs, assim como o mercado de ações, são bastante voláteis, variam de acordo com o mercado. A sua rentabilidade (ou retorno sobre o que é investido) varia de acordo com um benchmark, que nada mais é que um indexador ou referencial que o FI se propõe a acompanhar. Por exemplo, muitos se baseiam no IBOVESPA, ou seja, tentam reproduzir a performance do índice BOVESPA, que se baseia na cotação das ações das empresas mais negociadas na bolsa de valores. Como você deve saber, este índice já acumula perdas de mais de 20% desde o começo do ano de 2011, o que significa que um fundo que pretende seguir este benchmark terá acumulado uma perda semelhante à do índice até o momento. Que horror! Não quero mais aplicar em fundos... você deve está pensando. Espere até ler o resto.

Quando você vai ao seu banco e diz que quer aplicar em fundos etc. Geralmente vão lhe fazer algumas perguntas para traçar um rápido "perfil de investidor", se isso não ocorrer desconfie, visto que os profissionais bancários que vendem fundos aos clientes devem ser certificados pela ANBID, onde recebem este tipo de orientação. Depois disso vão propor uma "carteira de investimentos", onde colocarão uma parte do dinheiro em poupança, CDB, ou renda fixa (que é um tipo de fundo) e o restante em ações ou em FI propriamente ditos, que são mais voláteis que os de renda fixa. É nesse ponto que se estabelece o grande mal-estar na sua relação com o banco.

O funcionário da mesa de investimentos ou o seu gerente vai (naturalmente) aplicar o seu dinheiro nos fundos que rendam maiores comissões para ele, ou que sejam "mais interessantes" para as metas de vendas do banco. Portanto, ao aplicar em fundos tenha sempre em mente que se você não conhecer suficientemente o que está fazendo, você será levado na conversa de um assessor de investimentos que não é seu (embora o banco diga que sim), mas é do banco, trabalha para ele e dele tira seu sustento.

Outro quesito importante a ser considerado é que existem atualmente mais de 3000 FI no Brasil. Wow! (como diriam os americanos). Sem falar das classes de fundos, que são muitas e nem sempre isso fica claro para quem está aplicando o dinheiro. Pense assim, se todos fossem muito bons teríamos muito mais milionários por aí, o problema é que a maioria deles, na verdade, fazem seus clientes perder dinheiro. Não sou vidente e nem tenho poderes especiais para saber disso. Acesse ou peça a tabela de rentabilidade dos fundos de seu banco e você poderá confirmar por si mesmo o que acabo de afirmar. Para saber onde e como encontrar bons FIs recomendo a edição anual da Exame que aplica testes diversos de economia e analisa o histórico das rentabilidades de centenas de FIs a fim de identificar as melhores oportunidades. Para ver, clique aqui. Recomendo este ranking por me parecer bastante sério e, principalmente, por ter uma metodologia clara (e explicada) de como se chega a ele, o que reduz sensivelmente as possibilidades de cairmos nas indicações de FIs que sejam "parceiros" da revista. No mercado de renda variável indicações podem ser tendenciosas, portanto, é sempre bom abrir bem os olhos.

Daniel, então você está afirmando que não se deve aplicar em FIs? - Não, não é bem isso, mas que você deve ser muito criterioso na sua escolha. Hoje estava com muita pressa para ir trabalhar, corri para o elevador e voei para fora dele como se fosse "tirar o pai da forca", ao chegar no trabalho vi que tinha calçado um sapato preto e outro café. Como resultado de minha pressa tive que correr para casa para por os dois sapatos iguais. O que pretendo dizer-lhe é: "a pressa é inimiga da perfeição". Ao pensar em investir em um fundo pense bastante e com calma. Exija e leia atentamente o regulamento do fundo (alguns contém multas para resgates feitos antes do término da aplicação) e o prospecto do fundo. Lembre-se, ainda, de ver cautelosamente as rentabilidades do FI nos últimos 5 anos. Pois isso lhe dará uma idéia (ainda que não tão precisa) de como o fundo poderá se comportar no futuro.

Como este post está ficando longo e não quero soar deveras enfadonho, despeço-me dando a certeza de continuar este assunto no próximo post. Indico, para mais informações, o sítio www.comoinvestir.com.br , que é uma iniciativa da ANBID (ou AMBIMA) e também este vídeo do programa Educação Financeira da TV Cultura.

Bons investimentos!

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fontes

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Daniel