Dois importantes passos devem ser dados pelo investidor ao
começar a sua aventura rumo ao milhão (ou milhões).
O primeiro deles é definir o seu perfil de investidor e para isso, não basta responder um questionário qualquer da área de investimentos do seu banco...
O segundo, é definir a sua carteira de investimento, ou como
se diz, um portfolio. Assim você
definirá que produtos financeiros deseja adquirir do seu banco e em que
proporções terá aplicações de renda fixa e variável.
BALANCEAMENTO DO PORTFOLIO
Após a definição de um portfolio de investimento, será
necessário de tempos em tempos verificar qual parte dele cresceu mais, se a de
renda variável ou da fixa e rebalanceá-lo para manter a proporção que havia sido definida
inicialmente. Pode-se, por exemplo, manter 70% em renda fixa e 30% em variável, mas
cada um define esse percentual da forma que acha mais adequado.
O balanceamento deve ocorrer também dentro da própria
parcela da carteira de renda variável e fixa. Isso porque você quer manter a
sua estratégia de investimento e também para que reduza a volatilidade
(variações exageradas) da sua carteira, assim como o risco.
Suponhamos que você tenha uma carteira de ações com 5
empresas distribuídas em pesos iguais (100% : 5 = 20%) e nos últimos 2 anos uma delas praticamente duplicou
de preço (ação 1), enquanto duas aumentaram apenas um pouco e outras desvalorizaram (quadro A).
Agora você fará um novo aporte (compra de ações) e está na dúvida se compra
mais da que subiu ou das que caíram de preço.
Sei que parece difícil de acreditar, mas se você concentrar as novas compras na ação que subiu estará aumentando exponencialmente o risco da sua carteira. Isso ocorre porque a ação já se valorizou num passado recente, fazendo com que a carteira que inicialmente tinha 20% dos recursos totais para cada ação (100% : 5 = 20%), esteja muito desequilibrada, ou seja, com a maioria dos recursos aplicados em um único ativo (ação).
Imaginemos que a situação atual é a seguinte: Ação 1 (35%),
Ação 2 (15%), Ação 3 (25%), Ação 4 (15%), Ação 5 (10%) (quadro B).
Nas dadas circunstâncias, considerando que as ações foram
devidamente analisadas antes de serem escolhidas para compor o seu portfolio,
as ações que deveriam ser compradas para rebalancear o portfolio são 2, 4 e 5.
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO (RE)BALANCEAMENTO
“O rebalanceamento
disciplinado do portfolio reduz a interferência [comportamento humano] fazendo com
que os investidores permaneçam focados em sua política de investimentos ao
invés de focarem nas emoções de sucessos ou insucessos recentes” (WEINSTEIN; TSAI;
LAURIE, 2003 - tradução nossa).
Consideramos, portanto, que o rebalanceamento tem por
objetivo, na verdade, tranquilizar o investidor, mantendo-o focado no seu
objetivo de longo prazo, pois para o especulador de curto prazo não fará muito
sentido preocupar-se com um portfolio.
As finanças comportamentais também nos explicam que o
investidor pode apresentar excesso de confiança, julgando que um portfolio
acertado, por exemplo, seja fruto de seu talento nato para investimentos. Assim
como 90% das pessoas julgam-se superiores à maioria.
Há ainda o fato de que as
pessoas selecionam os seus investimentos baseadas em experiências recentes de
sucesso, como quando analisa-se o histórico dos últimos 5 anos de um fundo de
investimentos (FI). A isso dá-se o nome de perseverança,
ou seja, tende-se a achar que o que ocorreu antes, vai necessariamente ocorrer de
novo.
Como no meu caso que ganhei algum
dinheiro com MNDL4 (Mundial) e depois recomprei o ativo na baixa, esperando o
retorno da subida, e amargo até hoje MNDL3 com uns 80% de perda no preço
inicial. Se nessa época soubesse sobre rebalanceamento e alocação de ativos, certamente,
teria dado outro rumo ao meu aporte.
O mesmo ocorre com quem vai
escolher uma ação ou FI sempre com base na rentabilidade passada. É preciso
estudar a ação ou o FI e ver quais as perspectivas deles para o futuro (algo
bastante trabalhoso de se fazer).
CONCLUSÃO
Balancear e rebalancear o
seu portfolio sistematicamente irá evitar que você adentre uma faixa de risco
desnecessária e indesejada, mantendo-lhe fiel ao seu plano inicial de
investimentos.
Outro ponto importante é que existem
evidências de que em períodos de volatilidade do mercado o rebalanceamento, na
verdade, não só protege como aumenta os lucros do portfolio ( Weinstein; Tsai; Laurie, 2003).
Acredito que diante desses
fatos você passe a considerar o (re)balanceamento como uma estratégia para aumentar a segurança e os ganhos do seu portfolio.
Referências:
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Daniel