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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A Interpretação do Sonho de Um Investidor Em Ações


Os sonhos são um tópico abordado na história desde a antiguidade, quando costumava-se recorrer a oráculos para se saber o seu significado. O livro de Daniel, no Antigo Testamento, está repleto de situações onde sonhos são interpretados.


Um dos livros mais famosos de Freud é o chamado “A Interpretação dos Sonhos” onde expõe como os sonhos são formados, o que pode interferir sobre eles e quais os mecanismos inconscientes envolvidos na elaboração onírica.

Agora vamos ao meu sonho... Há alguns dias fiquei feliz com a conclusão no mesmo dia de duas operações na bolsa. Uma com a ação BICB4 (BIC Banco) e a outra com CSNA3 (Siderúrgica Nacional), onde a primeira me rendeu 25% de lucro líquido e a segunda 50% de lucro líquido.
Como todo investidor em ações, já estava de olho na BBAS3 (Banco do Brasil) há algum tempo, mas vi que tinha valorizado muito nos últimos meses e estava na casa dos 30 reais (precificada, na minha opinião). Portanto, não comprei a ação na ocasião e deixei o dinheiro na conta da corretora por uns dias.

O SONHO

No primeiro dia que fui dormir após o evento sonhei com a seguinte situação:

“Um amigo (Augusto) me chamava para ir numa viagem de foguete à lua, juntamente com um outro amigo (Robério). A esposa de Augusto (Luciana) me explicava que ele queria muito fazer essa viagem, que era um projeto antigo dele e que ele queria que eu fosse junto... O foguete estava montado na parte externa de uma igreja presbiteriana que frequentei sobretudo durante minha infância (IPA-Fortaleza). Eu ficava muito intrigado com o convite e começava a argumentar com meu amigo (Augusto) sobre o porquê de ele querer fazer essa viagem absurda. Enquanto isso, ele lia concentradamente as instruções do foguete, sem me dar atenção, já o outro amigo (Robério) estava presente mas também nada dizia... Eu explicava para o Augusto que a viagem seria longa e enfadonha em um foguete apertado, sem nada para fazer e que eu poderia morrer nela e deixar meus filhos (Ana e Pedro) sem pai, afinal, ele não conseguiria pilotar devidamente o foguete, já que um astronauta demorava anos sendo preparado para tal intento, que ele pretendia aprender em uma semana, deixando claro que eu não participaria de tal viagem...”

Alguns detalhes do sonho foram suprimidos por eu compreender que não faziam parte da sua temática central, tendo relação com outras preocupações do dia-a-dia que não cabem ser mencionadas aqui.

A INTERPRETAÇÃO

No outro dia, acordei e fiquei pensando sobre o significado daquilo tudo e cheguei à seguinte interpretação:

O foguete disparando para a lua representava o preço das ações do Banco do Brasil que tinham disparado. A presença dos amigos no sonho poderiam significar outras partes de minha personalidade que estavam em conflito comigo mesmo, pois apesar de acreditar que ação estava cara (30 reais), os indicadores fundamentalistas como P/L e P/VPA indicavam que a ação poderia ser comprada sem problemas, mas mesmo assim achei que valeria a pena esperar um pouco. O perigo de eu morrer na viagem e deixar os meus filhos “sem pai” teria a ver com o fato de perder dinheiro na operação, dinheiro este que poderia ser usado para alimentar os meus filhos. O fato de o foguete estar montado na praça em frente à igreja onde eu cresci parece denotar um sentimento de segurança. A igreja era um lugar onde eu me sentia feliz e seguro. Portanto, apesar da dúvida em comprar a ação BBAS3, lá no fundo, eu tinha certeza que seria o melhor a fazer.

O SONHO E SUA RELAÇÃO COM A REALIDADE

Agora vamos à relação com a realidade (back to the future). No dia que não comprei a ação, dei uma ordem de compra sem vencimento a R$27,30 , pois pensei que seria um preço razoável para a compra. Alguns dias depois a compra havia sido executada pois a ação tinha caído, mas, na verdade, continuou a cair, de forma que hoje (26/11/13) fechou o seu preço em R$24,68 (mas como essa compra foi para o longo prazo e busco dividendos, não estou nem um pouco preocupado).

Moral da história... Gosto de pensar que só quem sonhou é capaz de interpretar o sonho de forma mais apropriada para si e sei que existem analistas que pensam assim também. Assim, quando sonhamos, devemos tentar encontrar em nós a solução daquilo que foi sonhado, ou seja, tentar de fato interpretar. Muitos sonhos escondem verdades importantes que podem estar diante de nossos olhos, mas a nossa consciência recusa-se a percebê-las.

Abraços e ótimos investimentos a todos!
Daniel

Tem um sonho para contar? Pode contar... Gostou do Post? Então deixe um comentário!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Não Quebre a Balança, Rebalanceie

Dois importantes passos devem ser dados pelo investidor ao começar a sua aventura rumo ao milhão (ou milhões).

O primeiro deles é definir o seu perfil de investidor e para isso, não basta responder um questionário qualquer da área de investimentos do seu banco...
O segundo, é definir a sua carteira de investimento, ou como se diz, um portfolio.  Assim você definirá que produtos financeiros deseja adquirir do seu banco e em que proporções terá aplicações de renda fixa e variável.


BALANCEAMENTO DO PORTFOLIO

Após a definição de um portfolio de investimento, será necessário de tempos em tempos verificar qual parte dele cresceu mais, se a de renda variável ou da fixa e rebalanceá-lo para manter a proporção que havia sido definida inicialmente. Pode-se, por exemplo, manter 70% em renda fixa e 30% em variável, mas cada um define esse percentual da forma que acha mais adequado.
O balanceamento deve ocorrer também dentro da própria parcela da carteira de renda variável e fixa. Isso porque você quer manter a sua estratégia de investimento e também para que reduza a volatilidade (variações exageradas) da sua carteira, assim como o risco.
Suponhamos que você tenha uma carteira de ações com 5 empresas distribuídas em pesos iguais (100% : 5 = 20%) e nos últimos 2 anos uma delas praticamente duplicou de preço (ação 1), enquanto duas aumentaram apenas um pouco e outras desvalorizaram (quadro A). Agora você fará um novo aporte (compra de ações) e está na dúvida se compra mais da que subiu ou das que caíram de preço.

Sei que parece difícil de acreditar, mas se você concentrar as novas compras na ação que subiu estará aumentando exponencialmente o risco da sua carteira. Isso ocorre porque a ação já se valorizou num passado recente, fazendo com que a carteira que inicialmente tinha 20% dos recursos totais para cada ação (100% : 5 = 20%), esteja muito desequilibrada, ou seja, com a maioria dos recursos aplicados em um único ativo (ação).
Imaginemos que a situação atual é a seguinte: Ação 1 (35%), Ação 2 (15%), Ação 3 (25%), Ação 4 (15%), Ação 5 (10%) (quadro B).
Nas dadas circunstâncias, considerando que as ações foram devidamente analisadas antes de serem escolhidas para compor o seu portfolio, as ações que deveriam ser compradas para rebalancear o portfolio são 2, 4 e 5.


ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO (RE)BALANCEAMENTO

 “O rebalanceamento disciplinado do portfolio reduz a interferência [comportamento humano] fazendo com que os investidores permaneçam focados em sua política de investimentos ao invés de focarem nas emoções de sucessos ou insucessos recentes” (WEINSTEIN; TSAI; LAURIE, 2003 -  tradução nossa).
Consideramos, portanto, que o rebalanceamento tem por objetivo, na verdade, tranquilizar o investidor, mantendo-o focado no seu objetivo de longo prazo, pois para o especulador de curto prazo não fará muito sentido preocupar-se com um portfolio.
As finanças comportamentais também nos explicam que o investidor pode apresentar excesso de confiança, julgando que um portfolio acertado, por exemplo, seja fruto de seu talento nato para investimentos. Assim como 90% das pessoas julgam-se superiores à maioria.
Há ainda o fato de que as pessoas selecionam os seus investimentos baseadas em experiências recentes de sucesso, como quando analisa-se o histórico dos últimos 5 anos de um fundo de investimentos (FI). A isso dá-se o nome de perseverança, ou seja, tende-se a achar que o que ocorreu antes, vai necessariamente ocorrer de novo.

Como no meu caso que ganhei algum dinheiro com MNDL4 (Mundial) e depois recomprei o ativo na baixa, esperando o retorno da subida, e amargo até hoje MNDL3 com uns 80% de perda no preço inicial. Se nessa época soubesse sobre rebalanceamento e alocação de ativos, certamente, teria dado outro rumo ao meu aporte.

O mesmo ocorre com quem vai escolher uma ação ou FI sempre com base na rentabilidade passada. É preciso estudar a ação ou o FI e ver quais as perspectivas deles para o futuro (algo bastante trabalhoso de se fazer).


CONCLUSÃO

Balancear e rebalancear o seu portfolio sistematicamente irá evitar que você adentre uma faixa de risco desnecessária e indesejada, mantendo-lhe fiel ao seu plano inicial de investimentos.

Outro ponto importante é que existem evidências de que em períodos de volatilidade do mercado o rebalanceamento, na verdade, não só protege como aumenta os lucros do portfolio (Weinstein; Tsai; Laurie, 2003). 

Acredito que diante desses fatos você passe a considerar o (re)balanceamento como uma estratégia para aumentar a segurança e os ganhos do seu portfolio.


Referências:


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domingo, 12 de maio de 2013

A SIMULAÇÃO DO MILHÃO!


Há poucos dias estive em um curso sobre investimentos em bolsa de valores que reacendeu uma questão que considero importante retomar.


Quando os astronautas vão ser mandados ao espaço passam por longos e exaustivos treinamentos em espaços confinados, centrífugas, piscinas profundas, aviões em queda (para atingir a gravidade zero por alguns segundos) e outras situações que tentam imitar a situação real de estar dentro de um ônibus espacial.


O investidor de bolsa de valores deve estar minimamente preparado para iniciar suas operações de renda variável e para isso deve informar-se e sempre que possível simular o que seria operar na bolsa de valores. Tenho certeza que até aqui há consenso entre nós.


Na atualidade existem bons simuladores de mercado de ações disponíveis. Os principais são: Simulação, Folha Investe e UOL Investe. Todos são igualmente interessantes para ter-se uma ideia de como o mercado funciona.



Book de ofertas para iPhone
O simulador Folha Investe e o UOL Investe são bastante semelhantes em seu funcionamento, já o Simulação parece ser um pouco mais parecido com a bolsa de verdade, pois apresenta “book de ofertas” das ações (figura ao lado), que é a tela onde você dispõe das ordens de compra e venda que estão registradas no sistema, podendo literalmente observar o movimento de compra e venda das ações em tempo real .


O Problema


Existe certa unanimidade entre investidores em considerar a disciplina como sendo a qualidade fundamental para tornar-se um investidor de sucesso.


Os simuladores oferecem a quem se inscreve 200 mil reais para começar a “brincar”. A grande questão aqui é quem dispõe dessa quantia para na vida real começar a investir em bolsa? Acredito que isso possa levar a pessoa a ficar desmedidamente arriscada em sua estratégia, tendo em vista que o dinheiro é virtual e, além disso, está disponível abundantemente, situação bem diversa da vida real!


Outra questão que considero digna de atenção é o fato que você não ter que montar a carteira de ações. Ou seja, o portfolio já está montado com umas 20 ações que compõem o IBOVESPA, assim que o simulador é acessado pela primeira vez. Na minha opinião isso diminui a possibilidade dos usuários praticarem a busca de boas ações para compor sua carteira.


Talvez isso pudesse ser amenizado se fossem oferecidas no início diferentes portfolios a serem escolhidos pelo usuário, assim como a possibilidade do próprio usuário montar a carteira.


Virtuais com Prêmios Reais!


Todos os simuladores fomentam a competição dos usuários oferecendo prêmios como computador, viagem, Ipad, cursos, consultoria financeira e dinheiro para ser investido em ações. Isso sem dúvida é um grande reforçador para o que usuário continue acessando o simulador e tocando a sua carteira de ações. Por isso mesmo, não entendo porque todos os usuários começam com o mesmo portfolio, se o que se estimula, na verdade, é a busca de melhores resultados individuais. Isso só torna mais evidente a necessidade dos simuladores deixarem que o próprio usuário monte a sua carteira ou a escolha dentre algumas disponíveis, como geralmente ocorre na vida real em corretoras de valores mobiliários.


Fico por aqui e deixo um grande abraço a todos com desejos de ótimos investimentos!



Dúvidas e comentários são bem-vindos!

* Ao clicar em propagandas presentes no Blog você poderá gerar renda para mantê-lo.

Clique para saber mais:


domingo, 2 de setembro de 2012

TORNANDO-SE UM GRANDE INVESTIDOR EM AÇÕES - Parte 3




Hoje a previsão do tempo prometeu sol, mas está nublado... a vida parece repleta de incertezas e se você parar para pensar, na verdade, muitas das decisões que tomamos no dia a dia são baseadas em intuições ou pressentimentos. Embora busque sempre tomar decisões da forma mais racional possível, no final das contas geralmente ocorre aquele sentimento do tipo isso vai dar certo ou acho que estou fazendo a coisa errada... Não posso ignorar esse lado misterioso da vida e das decisões tomadas por nós, reles mortais, por outro lado entendo que basear-se somente nos sentimentos pode levar alguém a tomar as decisões menos acertadas na vida. Diante desse fato, deixemos agora o subjetivismo e passemos ao que pode ser objetivo.

Este post é o terceiro de uma série que tenta reunir as características típicas de um grande investidor, baseando-se principalmente nas ideias de Warren Buffet, expressas no livro O Tao de Warren Buffet (como aplicar a sabedoria e os princípios de investimento do gênio das finanças em sua vida).

Até aqui vimos que um grande investidor deve: ser bom vendedor; ter poder de decisão; ter humildade; ter estudo; ter um método de análise das ações, dispor de tempo (ainda que não muito).
Hoje completaremos a lista falando sobre como Escolher Boas Ações, Observar o Mercado, e ter Paciência.

ESCOLHER BOAS AÇÕES

Penso que primeiramente é necessário entender o que pode ser uma boa ação na bolsa de valores. Alexander Elder afirma, em seu livro Trading for a living, que o preço de uma ação tem muito pouco a ver com a empresa que ela representa. Em outras palavras, o importante seria analisar as ações em si e seu desempenho no mercado nos últimos dias, semanas, meses ou anos.

Tenho que concordar com Elder em alguma medida e não é difícil de entender a sua forma de pensar, afinal, ele utiliza eminentemente a análise técnica (gráfica). Assim, para ele pouco importa se a ação é de uma empresa que refina petróleo, fabrica sandálias, bicicletas ou administra rodovias... importa somente o estudo dos gráficos e dos volumes de negócios das ações em questão, para descobrir se vale a pena comprá-las naquele momento.
Por outro lado, temos a compreensão de Warren Buffett que, como um bom investidor de longo prazo, prefere analisar os fundamentos da empresa antes de adquirir as ações dela. Assim, Buffett diz que “se uma empresa vai bem, a ação acabará subindo”¹. No pensamento dele o que importa, na verdade, são evidências de que ela gera lucros no momento e tem boas perspectivas de continuar assim nos próximos anos. Encontrando-se uma empresa nessas condições, pode-se, então, partir para a compra das ações.

Se pensarmos mais a fundo sobre esta questão, perceberemos que tanto Elder quanto Buffett têm razão. A escolha de boas ações dependerá do tipo de método de análise que você tiver escolhido para nortear as suas decisões. Você poderia até sugerir: que tal usar a análise dos gráficos das ações, dando preferência a negociar ações de empresas sólidas e que sejam muito negociadas na bolsa. Ótimo, seria uma boa pedida, neste caso o risco seria reduzido, mas, por outro lado, você poderia não lucrar tanto como alguns investidores de ações de 2ª e 3ª linha (aquelas de empresas menores, que muitas vezes você nunca ouviu falar), que podem proporcionar ganhos de mais de 200% ou 300% em um ano. Como foi o caso da ação MNDL4 (atual MNDL3, da Mundial) que no ano passado subiu mais de 3000% e em poucas semanas despencou ao seu nível normal de preço (fato conhecido como a Bolha do Alicate).

Certamente, em um movimento brusco como este, muitos traders devem ter realizado ganhos invejáveis. Eu fui um dos que apostei num bate e volta depois da grande queda e lucrei 34% comprando ações MNDL4 no final do pregão de uma sexta e vendendo-as na manhã da terça-feira.

Portanto, independentemente de buscar por ações para investir no longo prazo ou investimentos rápidos e puramente especulativos (trades), busque pelos sinais dentro do método de análise por você escolhido que indiquem as “boas ações” a serem negociadas. 

É válido lembrar, no entanto, que se você der preferência a ações de empresas sólidas, bem administradas, que gerem lucro e que sejam muito negociadas (líquidas), os riscos envolvidos na operação deverão ser reduzidos, mas não deixaram de existir. Eu, por exemplo, mantenho Vale e Petrobrás em minha carteira esperando que se recuperem para poder vendê-las, que são as rainhas da liquidez na bolsa, muito sólidas mas, como qualquer papel (ação) da bolsa, estão sujeitas ao humor do mercado.

OBSERVAR O MERCADO

O bom agricultor observa o tempo, o céu, as plantas, as aves, os insetos e acontecimentos passados (recentes ou remotos) para saber se valerá a pena o esforço do plantio no campo naquela temporada.

Pois bem, com o investidor em ações deve ocorrer algo semelhante. Ele deve ser capaz de, através da sua observação, detectar as mudanças de tendências do mercado e momentos de crise, ver a aceitação do produto da empresa, estudar os gráficos das ações nos últimos 5 anos, para decidir o que fazer em relação a uma ação.

Buffett alerta, “veja as flutuações do mercado de ações como suas aliadas, não como suas inimigas – lucre com a insensatez ao invés de participar dela”¹, ou seja, ele diz para comprarmos exatamente quando todos estão vendendo, pois aí os preços estarão descontados (como numa liquidação), então é só comprar e aguardar (mas, cuidado, pode ser que demore bastante a subir novamente).

Buffett ressalta que “grandes oportunidades de investimentos surgem quando empresas excelentes estão cercadas de circunstâncias incomuns que fazem suas ações serem mal avaliadas”¹. Para isso ficar mais claro, é só pensar em ações como a ELPL4 (Eletropaulo) e VALE5 (Vale), que estão com preços bastante convidativos e que, certamente, recuperarão suas cotações num futuro não tão distante. Se você acha que soei impreciso quando disse “não tão distante”, é por ser (praticamente) impossível prever (com precisão) o futuro da cotação de uma ação na bolsa, embora muitos se arrisquem no terreno da vidência.

PACIÊNCIA

Esse quesito é simplesmente essencial, em minha opinião, para que uma pessoa tenha sucesso como investidor na bolsa de valores.  Alexander Elder afirma que “a paciência é uma virtude para um trader”² (tradução nossa). Vou demonstrar com um exemplo real, a importância desta virtude.

“Por maior que seja o talento ou esforço, algumas coisas exigem tempo: não dá para produzir um bebê em um mês engravidando nove mulheres”¹, diz Buffett. Se para produzir um bebê leva-se 9 meses, o período deverá ser cumprido para que a criança nasça saudável. Porém, existem fatores incontroláveis durante uma gravidez que podem levar a um nascimento prematuro. Imagine agora uma mãe tão ansiosa que queira que o filho nasça aos 4 meses! Ou que acredite estar passando por tantos desconfortos que queira interromper a gravidez! Naturalmente que isso não deve ocorrer, mas pode ser explicado em casos de riscos extremos ou situações de doença mental.

Na vida real um nascimento prematuro pode trazer consequências irreversíveis para a criança. Agora, pensemos que as intercorrências durante uma gravidez possam ser entendidas como as emoções do investidor (ansiedade, impaciência, tristeza, euforia...), que muitas vezes são incontroláveis. Mas aí é que está o segredo, se o investidor não souber exercitar a paciência cuidando bem da operação, poderá acabar sem o filho (os lucros) que só virá mediante a paciência com a gravidez (controlando os desconfortos) e perícia para detectar os primeiros sinais de que o parto se aproxima, aumentando as possibilidades de um parto bem sucedido.

Exemplo de Paciência
Suponhamos que você esteja estudando e acompanhando a ação PETR4 nas últimas semanas e ela venha variando pouco, mantendo certa cotação média. A ação cai uns 3% num só dia sem nenhuma explicação clara para tal, você acha que é um bom ponto de entrada para a compra, daí você emite a ordem de compra de 100 ações a 25,70. Como a ação é de uma empresa sólida, que dá lucro e que estava mantendo uma cotação maior que a atual (do dia da compra), você pensa que inevitavelmente ela irá se recuperar logo. O problema é que, para a sua surpresa, isso não ocorre e ela entra numa tendência de baixa por meses a fio até chegar a mais ou menos 18 reais. Isso soa familiar?

Hoje a cotação da PETR4 está em mais ou menos 21 reais e, aparentemente, numa tendência de alta, mas foi preciso bater no fundo do poço a uns 18,00, para ensaiar o movimento de retorno à sua cotação (real, se é que isso existe). Veja bem. Eu comprei Petrobrás exatamente nessa situação, vi-a despencar e me segurei para não realizar o prejuízo. Se tivesse vendido no auge do desespero, assim como muitos, eu seria apenas mais um “quebrando a cara”, ou a conta. A cotação lentamente está reagindo e realmente acredito que ela voltará a subir. A questão aqui é a paciência necessária para não perder dinheiro na operação (ou no trade, como alguns preferem). Segurei a ação, pois tinha em mente que ela comporia uma carteira para o longo prazo e eu não me deixaria abalar com a volatilidade do mercado.

O exercício da paciência possibilitará que você não venda com prejuízo. Evitará também que você venda prematuramente uma ação que iniciou uma tendência de alta, e assim, você lucrará mais. Acredito que a aquisição da paciência se dê por puro exercício, assim como a boa capacidade de observar o mercado e tomar atitudes mais acertadas. A prática aliada ao estudo deverão apontar os caminhos a seguir.

Para concluir este (longo) post, cito a lista completa de virtudes a serem perseguidas pelo investidor:
1
  1. ser bom vendedor (vender mais caro do que comprou);
  2. ter poder de decisão (evitar erros sem ter medo de errar);
  3. ter humildade (saber que por mais que você saiba, o mercado é dinâmico);
  4. ter estudo (dispor da teoria para compreender melhor a prática);
  5. ter um método de análise das ações (partir de premissas objetivas);
  6. dispor de tempo (ter disciplina com o seu tempo. Tempo é dinheiro!);
  7. escolher boas ações (comprar empresas sólidas, só negociar ações de 2ª e 3ª linha quando for mais experiente);
  8. observar o Mercado (analisar a conjuntura do momento e definir sua estratégia);
  9. ter paciência (saber aguardar para comprar bem e vender bem).

A lista de virtudes aqui exposta não é absoluta e nem definitiva, mas acredito que poderá servir de ponto de partida ou inspiração para muitos investidores iniciantes. É certo que todo investidor fraquejará em alguma(s) dessas áreas durante sua caminhada rumo ao sucesso nos investimentos, mas se buscar estes princípios em sua caminhada, estará cada vez mais próximo de seu alvo final.

That’s all folks!

Um abraço e ótimos investimentos a todos.
Daniel

Fico aberto a comentários e dúvidas.

Referências e Notas:



1. BUFFETT, M.; CLARK, D. O tao de Warren Buffett. Rio de Janeiro: Sextante, 2007. (p. 40, 144, 145, 148).
2. ELDER, Alexander. Trading for a living: psychology, trading tactics, money management. New York: John Wiley & Sons, 1993. (p. 84)



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