terça-feira, 25 de outubro de 2011

Diversificar ou Não, Eis a Questão

Em que situações da vida diversificamos? Se pensarmos na alimentação, a resposta para tal questão parece fácil, visto que os nutricionistas defendem uma alimentação diversificada, que tenha alimentos de vários tipos, com a quantidade e variabilidade de nutrientes necessários a uma vida saudável. Parece factível que a diversificação seja boa, mas será que ela é boa para tudo? Se você é casado(a), embora você possa achar outras pessoas atraentes, isso não lhe leva a casar-se com elas para garantir uma diversificação no amor e nas relações familiares, pelo contrário, você procura concentrar-se em seu parceiro(a), afinal, essa diversificação poderia gerar altos índices de estresse emocional e, financeiramente, poderia significar a sua falência!
A grande pergunta, portanto, é: devemos diversificar os investimentos? Embora você possa já ter a resposta na ponta da língua, procure ler o post até o fim para ver se os seus argumentos de fato sustentam a sua tese.
A diversificação dos investimentos é bastante discutível, existindo argumentos tanto para sustentar que a concentração de investimentos poderá trazer maiores retornos, como também que a diversificação deles poderá proporcionar maior segurança. Mas em ambos os casos precisa-se ter um fator de equilíbrio para que a pessoa não se exponha demasiadamente ao risco de perder o dinheiro aplicado e, também, não tenha os lucros de algumas aplicações totalmente diluídos pela diversificação excessiva de sua carteira de investimentos.
A Favor da Diversificação

Teóricos da economia geralmente defendem uma carteira diversificada de investimentos e isso parece bastante sensato, pois na medida em que você aplica o dinheiro em diferentes investimentos, acaba-se por adquirir certa segurança ou proteção ao capital investido. Tudo parece ter começado com o artigo "Portfolio Selection"*, de Harry Markowitz, publicado em 1952 no "Journal of Finance" e que hoje junto com a ideias de William Sharpe e Merton Miller compõem o que se chama de Teoria Moderna de Portfólio. A idéia por trás da diversificação é tornar menor a possibilidade de você perder todo o dinheiro aplicado em determinado investimento. Quanto maior a diversificação dos investimentos, menor será a possibilidade de perda do dinheiro investido, portanto, a diversificação é inversamente proporcional ao risco.
O próprio Graham (autor do livro The Intelligent Investor), “pai filosófico” de Buffet (um dos maiores bilionários do mundo), defendia abertamente a diversificação, humildemente praticando-a quando investindo em ações de 100 empresas, pois admitia ser praticamente impossível de descobrir qual empresa iria valorizar as suas ações num curto ou médio prazo. Se o próprio “pai dos investimentos em ações”, para alguns, utilizava amplamente a diversificação e pôde construir fortuna dessa forma, nós, os microinvestidores, não devemos imaginar que a diversificação seja de toda desprezível.
Contra a Diversificação

Navegando na maré contrária temos o que podemos chamar de concentração dos investimentos. Fala-se amplamente de casos de investidores que concentraram seu dinheiro num investimento e se tornaram milionários com operações bem sucedidas com ações ou derivativos (um outro tipo de investimento também negociado em bolsas de valores). A questão é que para cada um desses felizardos há sempre centenas de milhares que perderam tudo o que tinham justamente por concentrarem seu capital num só lugar. Situação semelhante ao trabalhador que pega os seus únicos R$2,50 que “sobraram” e joga na mega-sena. Se ele ganhar, todos dirão que ele teve a sorte de transformar um simples bilhete de loteria em milhões, mas se perder será esquecido como a grande massa de milhões e perdedores ou azarados. O problema da concentração, portanto, está no elevado risco que ela pode representar para o capital investido. No exemplo acima, muitos perderam 2,50 para que um pudesse tornar-se milionário, mas tendemos a lembrar somente do ganhador.
No livro “Aximomas de Zurique”, de Max Gunther, li que a diversificação apenas serviria para diluir os lucros. Há controvérsias. O escritor insinua que a diversificação não é uma boa ferramenta, pois impede os altos lucros. O problema desse pensamento, para mim, é que a concentração de capital num só, ou pouquíssimos investimentos distintos, não são sinônimos de lucros altos mas, tão somente, de riscos altos. Precisa-se entender que o objetivo primeiro da diversificação não é o lucro, mas a proteção do capital investido, pensando assim parece mais sensato diversificar.
Atualmente estou lendo o livro “Investindo em small caps”, de Anderson Lueders, e é interessante o que ele defende, afirmando que pela improbabilidade de se descobrir, numa só tacada, qual será a ação que se valorizará fortemente na bolsa de valores nos próximos meses, o ideal seria estudar a fundo as empresas a serem “compradas” e promover alguma diversificação, pois assim, aumentariam as possibilidades de se descobrir uma empresa que rendesse grandes lucros ao investidor. Ora, se uma empresa de uma carteira com 10, apresenta uma valorização de 1000% em suas ações, essa valorização não só puxará a carteira como um todo para cima, mas poderá significar um grande avanço financeiro para o investidor.
Percebam que não há uma forma de ser categórico quanto ao assunto, no entanto, os extremos podem ser contraproducentes. Por enquanto, encerro o post sem encerrar o assunto, com a promessa de continuá-lo em breve.

Se gostou do post deixe um comentário, se tem dúvidas, deixe uma pergunta e como sempre gosto de dizer...
Bons investimentos (diversificados ou concentrados)!
DF
­­­­­____________
Fontes e notas:
* Portfolio Selection – Seleção (ou composição) da carteira de ações.


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Daniel