sábado, 11 de fevereiro de 2012

ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTO EM AÇÕES - Ganhe ao Invés de Perder Dinheiro

Sempre que começo a conversar com alguém e o assunto caminha para investimentos acabo perguntando ao interlocutor se ele opera na bolsa de valores, que ações tem na sua carteira (portfolio) e quais as razões que o levaram a compor sua carteira daquela forma... Daí estabeleço uma troca, gosto de saber as estratégias de investimento dos outros pois quando vejo algo que acho interessante, repenso as minhas próprias.

Uma coisa me chamou muito a atenção nos últimos dias quando conversei com  4 ou 5 pessoas de meu convívio sobre investimento em ações. Todas invariavelmente venderam suas ações no ano passado (2011) ou no início desse ano realizando prejuízo. Já falei que gosto de conversar para ver o que pode ser repensado em minha estratégia de investimentos e, pensando nisso, não pude deixar de imaginar o que leva as pessoas a fazerem isso. 

Sabemos que quando a cotação das ações está em queda a atitude natural de uma pessoa é querer se desfazer delas, como se isso a livrasse de um problema, que é perder dinheiro. Sem falar que quando o mercado está em baixa só se ouvem notícias ruins sobre a economia na mídia, causando um verdadeiro frio na barriga e mal estar nos investidores. O problema é que quando os analistas falam que não se deve comprar pois o mercado está em baixa, é justamente aí que deve ser seu ponto de entrada nele. Isso soa paradoxal, não? Afinal, quem compraria ações quando só se ouvem más notícias na TV?

Penso que só existe uma maneira sensata de administrar as emoções quando investindo na bolsa - e não é fazendo meditação ou rezando para o valor da ação subir - mas defininido uma estratégia de investimento.


COMO TRAÇAR UMA ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTO EM AÇÕES?

Quando me refiro a uma estratégia ou meta não me refiro exatamente à engenharia financeira do investimento, nem a nada tão complexo que o próprio investidor não saiba ou não consiga por em prática. Me refiro a ações simples que quando executadas garantam a preservação do patrimônio investido.

Não sou um day trader,* nem um swing trader**, mais um long-term trader***... ou seja, compro as ações (na maioria das vezes) para segurá-las por um longo período a fim de "colher os frutos quando estiverem maduros".

Porque escolhi ser um investidor de longo prazo? Por ter observado que essa estratégia de investimento foi usada por grandes investidores brasileiros e estrangeiros que, no longo prazo, alcançaram resultados surpreendentes. E porque não investir no curto prazo? Não que eu não invista também de forma puramente especulativa, mas prefiro a sobriedade dos investimentos de longo prazo, pois os de curto prazo apesar de poderem ser muito rentáveis, são também extremamente arriscados. Investidores desse perfil, quando ganham muito, acabam perdendo muito também, pois normalmente operam com ordens de stop¹, realizando o prejuízo com frequência. Acredito que não existe dinheiro fácil, pois ganhar na loto é difícil. Sei que o caminho é longo, no entato, já comecei a trilhá-lo e pretendo manter-me nele...

Para definir uma estratégia ou meta de investimento é necessário ter em mente o que será feito, passo-a-passo, para quando você se deparar com o mercado em alta ou em baixa saber exatamente o que fazer.

Acredito que um dos maiores problemas na vida de uma pessoa é a dúvida... Ela traz insegurança, rebaixa a auto-estima e em muitas circunstâncias paralisa a pessoa, afinal, ela não sabe o que fazer, pois ainda não decidiu! Isso gera muito sofrimento para a pessoa e, por vezes, para os outros que a amam. Para vencer a dúvida faz-se imprescindível definir "o quê" e "como" você agirá nos próximos meses ou anos em relação ao seu investimento.

Para mostrar um exemplo prático vou humildemente compartilhar o meu "estatuto de investimentos para 2012", que consolida a minha estratégia para operar na bolsa durante o presente ano. Gostaria que você lesse para ter uma idéia de como criar o seu próprio "estatuto" e lembre-se, isso não se trata de uma indicação de ações ou sugestão de qualquer natureza, mas simplesmente um exemplo.


ESTATUTO DO INVESTIMENTO EM AÇÕES PARA 2012

1.   Tudo que estiver aqui definido não poderá ser mudado até o final de 2012, quando haverá a revisão anual de estratégia de investimento.
2.    Nada aqui escrito poderá ser modificado, a não ser em decorrência de uma hecatombe econômica que gere grandes oportunidades de compra.
3.    A carteira de ações não deverá sofrer modificações até o final do ano, a não ser no caso de liquidação de ações de cunho especulativo (POSI3 e MNDL4).
4.    A carteira de ações será acompanhada pelos extratos da BOVESPA e a cada dia 12, quando serão anotados os valores no caderno de investimentos.
5.    Em hipótese alguma deverão ser acompanhadas as ações em suas cotações diárias ou semanais, mas, tão somente, conforme determinado no item anterior.
6.    Do rebalanceamento:
a.   Será realizado a cada 3 meses (12 de janeiro; 12 de abril; 12 de julho e 12 de outubro), respeitando a proporção de 70% em renda fixa e 30% em renda variável.
b.   Liquidação da quantidade necessária das ações que tiverem valorizado mais, a fim de transferir os recursos para renda fixa, lembrando-se do custo de 5,00 reais cobrado pela corretora de valores.
c.   Transferência de recursos para a renda variável, quando for o caso, para a compra somente de ações PETR4; GGBR4 e ELPL4.
d.    A compra de ações deverá ocorrer observando-se o preço (comprar as que estiverem mais baratas) e a quantidade de recursos investidos em cada uma delas.
7.    Dos dividendos:
a.    Serão, obrigatoriamente, reinvestidos na compra das mesmas ações que os geraram.
b.    Caso seja um baixo valor, permanecerá na conta da corretora até a próxima compra de ações.
8.    Das ações especulativas:
a.    Deverão sempre ter ordens de venda “válida até cancelar” com o preço estipulado, já calculado o ganho líquido na negociação.
b.   Quando liquidadas, os recursos serão usados para a compra de mais ações PETR4; GGBR4 e ELPL4.
c.  Novos movimentos especulativos não deverão exceder 1/10 do total dos recursos investidos em ações.
9.    Não será realizado o prejuízo em hipótese alguma.
10.  A rentabilidade mínima objetivada ao final do ano com a presente estratégia será de 30% da carteira.

Vejam que meu "estatuto" não é longo, mas abrange praticamente tudo que preciso saber e fazer em relação à minha carteira de ações. Afirma quais ações poderão ser vendidas, quais poderão ser compradas, quanto de dinheiro poderei aplicar nas ações mais arriscadas (não pertencentes ao índice BOVESPA), quão frequentemente acopanharei o movimento da carteira (mensalmente), as datas nas quais farei o rebalanceamento etc. Enfim, é uma compilação das atitudes que tomarrei em relação à carteira de ações.

Vou pontuar rapiamente alguns quesitos do "estatuto" que considero especiais:

- O item 3 é importante, pois quem roda muito a carteira (troca muito as ações que a compõem) acaba perdendo dinheiro. 

- Os itens 4 e 5 me ajudarão a regular a ansiedade, fazendo com que eu me esqueça um pouco das ações e viva mais "despreocupado". O caderno de investimentos do item 4 nada mais é que um caderno onde anoto as cotações das ações mensalmente e outros detalhes que julgue importante. Prefiro anotar do que ter apenas o arquivo em meu computador, parece que me remete a um maior senso de responsabilidade quanto ao dinheiro que administro.

- O item 6, com seus subitens, determinarão quando e como os rebalanceamentos vão acontecer, o que indiretamente determinará a frequência de compra das ações (trimestral). É importante ter certa constância na compra das ações, mas enquanto alguns especialistas recomendam a compra mensal, eu defendo a compra trimestral, semestral ou até anual para o pequeno investidor, devido às taxas de corretagem e negociação que ele terá que pagar a cada vez que comprar ações.

- No item 8.a. defino que as ações especulativas sempre terão uma ordem de venda em aberto, sem data de vencimento, pois como não as acompanharei diariamente não tenho como saber quando vão subir, portanto, calcularei o ganho que espero com cada uma delas e ficarei "tranquilo", uma vez que o sistema executará a venda automaticamente quando o patamar de preço for alcançado. 

- Por último, o item 9, que para mim é base da minha filosofia de investidor e poderia ser lido assim: "sempre realizar lucros, nunca prejuízos".

Por quê é importante ter isso bem definido? Já ouvi, li em algum lugar, acho que num livro de metodologia científica, que o que é importante deve estar escrito, ora, o seu planejamento de investimentos para um ano é importantíssimo e precisa ser levado à risca por duas razões básicas: se não levá-lo a sério, você começará a duvidar de si e ficará inseguro sobre o que fazer e quando fazer; segundo, as pessoas que não determinam um plano se perdem no meio do caminho, pois em momentos de desespero agem intempestivamente como day traders, sem terem o preparo necessário para isso, ou acompanham o "efeito de manada" vendendo na baixa, pois as notícias na mídia são desanimadoras e recomprando as ações na alta, pois viram na mídia recomendações para aquela ação e ouviram que muita gente estava ganhando dinheiro naquele momento extraordinário da bolsa...

Na bolsa é muito fácil perder dinheiro, mas se quiser ganhar basta uma coisa: disciplina. Apegue-se à sua estratégia, seja ela qual for, e de tempos em tempos analise os seus resultados e refaça suas regras, caso necessário.

Gostaria de finalizar lembrando que existem mil e uma maneiras de investir na bolsa, invente uma!

Gostou? Então deixe um comentário, compartilhe, sua opinião é importante para o Blog e para outros que lerem o post.

Bons investimentos!

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Notas:

* day trader - investidor da bolsa de valores que opera diariamente, comprando e vendendo a ação no mesmo dia, fazendo pequenos lucros em muitas negociações.

** swing trader - investidor da bolsa de valores que compra a ação e a segura por alguns dias (menos de um mês) até vendê-la.

*** long-term trader - investidor da bolsa de valores que compra ações para segurá-las por meses ou anos.

¹ Stop (de venda) - ordem automática de venda que é lançada quando a ação atinge um preço previsto pelo investidor. Por exemplo: compra-se uma ação a 10,00 reais, estabelece-se uma limite de perda de 10% ou 9,00 reais e um de lucro de 20% ou 12,00 reais. Se a ação atingir um desses preços uma ordem de venda será disparada automaticamente.para que a ação seja vendida.