sábado, 31 de março de 2012

A RAIZ DE TODOS OS MALES

"Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." (grifo meu)¹


“Ô menino, vá lavar as mãos! Dinheiro é sujo, você não sabia...?” - “Olhe para os herdeiros e veja como brigam que nem leões por um pedaço de carne. Se não fosse a herança, já teriam se entendido.” – “O melhor mesmo é ter paz interior e não se preocupar com dinheiro...” – “Melhor ter pouco dinheiro e ser feliz, que muito e ser infeliz.” – “Sinto-me mal por ter tanto e tantos não terem nada...” – “Dinheiro não compra felicidade...” – “Se você gostar de gastar nunca vai ter nada na sua vida!” – “Dinheiro não é o mais importante, o mais importante é o amor.” – “Mais dinheiro só lhe trará mais preocupação...”

O que será que essas frases têm em comum? Pare e pense por um instante... todas refletem uma realidade vivida repetidas vezes por muitos de nós na medida em que lidamos ou falamos de dinheiro. Ouvimos que ele não compra a felicidade ou que é menos importante que o amor e até concordamos. Mas vale dizer que a felicidade, o amor e o dinheiro são entidades completamente diferentes em natureza, embora possam se complementar mutuamente. É interessante que muitos falam que o dinheiro aprisiona, já que vivemos num mundo onde se precisa cada vez mais tê-lo para satisfazer à necessidade de “ser”, que na lógica capitalista se traduz em “ter”.

Muitas vezes ouvimos dizer que o dinheiro pode trazer maldições, ouvimos sobre casos de pessoas que ganharam na loto e foram assassinadas... ou que voltaram a ser pobres após um curto período de bonança. Isso nos assusta e nos faz pensar que é melhor passar longe do dinheiro, afinal, comumente se morre por ele.

O grande problema é que nos deparamos com necessidades reais de dinheiro quando chega a vida adulta, de sorte que, ou o temos e pagamos as contas em dia, ou não o temos, tornando-nos devedores. Aí sim, vivemos um pesadelo por não dispor dele... por não termos o “tão mal falado dinheiro”.

Se o dinheiro realmente é ruim, porque será que ele vem em forma de pagamento pelo trabalho de alguém? Você trocaria sua preciosa energia de trabalho por algo que não valesse à pena de jeito nenhum? (Pense um pouco...) – Nem eu. Afinal, de que valeria trabalhar para se ter algo ruim em troca.

Talvez você já tenha compreendido aonde pretendo chegar. Falamos mal de dinheiro de forma corriqueira, mas precisamos dele para comer, para beber, para nos mantermos sãos, para construirmos casas, apartamentos, hospitais, escolas, igrejas (e até mesmo para manter partidos políticos, que controverso, não?). Mas você pode dizer que ele também aprisiona pessoas em trabalho escravo, favorece o crescimento dos prostíbulos com menores, financia o tráfico de drogas (para se ganhar mais dinheiro sujo) e está ligado aos figurões mais corruptos de nosso país. Tudo isso é verdade, mas não muda o fato que em nossa sociedade, sem dinheiro é bem difícil de viver ou de realizar qualquer coisa que seja.

Outro dia fui passear no Jardim Botânico, que é público, sabe o que aconteceu? Precisei pagar para entrar (num lugar público, acredita?). Fui estacionar o carro, sabe o que aconteceu? Precisei pagar para deixar meu carro dentro de um local público novamente... Vejam como precisamos do famigerado dinheiro para viver... Sim, pois já se passou o tempo em que se faziam trocas (escambo) no ocidente. Hoje paga-se com a moeda corrente do país, com cartões de crédito, débito, cheques etc.

Sabe o que mais? Quando você se aposentar não vai querer ficar dependendo dos seus filhos. Pois bem, para que isso aconteça é melhor que você se programe desde já, afinal, podemos estar vivendo o presente sem pensar no futuro. Mas você pode dizer que irá para o céu quando morrer (acho isso muito legal e torço para que aconteça), mas enquanto esse dia não chegar (e não sabemos a hora e nem a data, há menos que você se mate) você precisará continuar comprando comida no supermercado, pagando as contas de luz, comprando roupas, calçados, pagando para ter um carro ou para que lhe transportem num taxi ou ônibus... Enfim, até partirmos dessa vida (ocidental e capitalista) precisaremos usar o tal dinheiro, que é sujo, que é pagão, que é a razão da destruição de famílias, colocando irmão contra irmão, que compra e distribui drogas, que é comumente desviado dos cofres públicos para fins escusos, mas que no final, ainda poderá nos pagar um enterro minimamente digno.

Como escapar dessa sina? Não sei. O fato é que “trabalharei para tê-lo a fim de nunca precisá-lo”. Claro que vou usá-lo e procurarei sempre ajudar as pessoas que dele precisando cruzarem o meu caminho, mas manterei a clarividência de que não é o ele quem mata, não é ele quem destrói famílias, não é ele quem inventa novas, mais potentes e viciantes drogas e nem é ele sinônimo de desgraça. Falamos, na verdade, das intenções humanas mais íntimas, aquelas que partem do coração (ou do inconsciente freudiano) e que contaminam o caráter, gerando um mundo menos justo e mais desigual, menos humano e mais material. Essas sim, são as verdadeiras causas das desgraças e imoralidades praticadas por aqueles que amam mais o dinheiro do que as pessoas e, até mesmo, a própria vida.

Se entendemos que o dinheiro hoje representa as riquezas materiais de alguém, a própria Bíblia diz que Deus é dono da prata e do ouro². Ora, a prata e ouro desde os tempos remotos têm sido tratados como tesouro e se Deus tem essas riquezas, é porque elas devem ser boas e não más, já que nEle não poderia haver maldade.

O fato de o dinheiro ser o principal culpado, pode ser explicado. É sempre mais fácil deslocarmos o problema para algo exterior a nós mesmos, projetando sobre este fator externo as nossas próprias motivações ou conflitos, mecanismo que Freud chamou de projeção. Ou seja, se projeto no dinheiro o caráter de mau, automaticamente eximo-me da responsabilidade atrelada ao caráter de ser mau. Talvez, por isso, tenhamos essa dificuldade de pensar sobre nossos próprios atos e quem somos de fato.

Acredito que o dinheiro é semelhante à política, ou seja, em essência não é bom, nem mau, mas sempre poderá adquirir diferentes significados a partir da ação exercida por quem o tem. O uso que se faz dele pode construir significados diversos para quem o gasta, para que se beneficia dele e para quem observa “o fenômeno do capital”.

Antes de terminar, quero deixar-lhe uma última reflexão. Gosto de pensar que cada um de nós é especial e está no mundo para uma missão única e intransferível, não apenas para existir. Portanto, exista com vontade, com intensidade. Inspire, sinta o ar preencher seus pulmões... sinta-se vivo, viva. Busque por seus sonhos como quem busca água num dia quente, pois lhe ajudarão a caminhar e a gastar o seu dinheiro com o que realmente valha a pena.

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Notas:
¹ I Timóteo 6:9-10
² Ageu 2:8

Próximo post, em 01/05/2012, abordará "A escolha de uma corretora de valores - uma decisão importante".


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quinta-feira, 1 de março de 2012

Poupar para Alcançar um Sonho!

Em tempos de mudanças tão rápidas tanto na economia, como na sociedade, na tecnologia etc. parecemos estar sempre correndo atrás da novidade e querendo deixar o velho para trás... Não que isso seja necessariamente ruim, mas até que ponto é positivo, ou melhor, necessário? Não sei a resposta para essa pergunta, por isso a deixarei assim, no ar, para quem quiser respondê-la.

Outro dia, ao conversar com André que havia acabado de quitar seu apartamento, ele me falou que já estava pensando no futuro e que gostaria de começar a pagar um apartamento na planta, pois no futuro precisaria de um maior para morar com a família. André é recém casado e sem filhos e também um felizardo por ter uma bela esposa e um apartamento novo e totalmente quitado assim que casaram. Ele veio me perguntar o que eu achava dele comprar um novo apartamento no momento... E Qual foi a minha resposta?

Se ele não fosse meu amigo não me preocuparia tanto em dar um bom conselho, mas a realidade é outra, indiquei, portanto, que ele não comprasse um novo apartamento. Ele ficou a me olhar, tentando entender o que eu queria dizer com isso. Então expliquei que, no momento, ele e a esposa não tinham dívidas e moravam num apartamento quitado - e ele concordando e balançando a cabeça - portanto, era o momento ideal para que eles juntassem dinheiro para a compra desse sonhado apartamento maior para daqui a uns anos, já que não pensavam em ter um filho de imediato, o que poderia significar a real necessidade de um apartamento maior. Ele ficou pensativo por unsinstantes, balançou novamente a cabeça e pareceu concordar com meu conselho. Continuei, esse é o momento ideal, que tantas pessoas buscam para poder programar a compra futura de um sonho de consumo. Mas você pode pensar que o apartamento é uma necessidade de moradia, mas também não deixa de ser um desejo do coração de seu comprador, portanto, um sonho.

Calculo que ele e a esposa devam juntos ganhar uns 12.000 reais, líquidos. Acredito que entre as possíveis despesas que tenham para se manter, morar, manter um carro etc. Deva ficar em torno dos 8.000 reais. Temos, então, uma possibilidade de um aporte mensal total de 4.000 reais para serem economizados para compra do sonhado apartamento. Sem falar que devemos contar com o fato de que em alguns anos poderão estar ganhando mais, pois a esposa terá crescido na profissão e ele também (pois são jovens). Mas você pode me dizer que é duro guardar "tudo que sobrar" só para comprar uma coisa. OK, já que ele dispõe de 4.000 reias, vamos deixar 500 reias para gastos eventuais ou extras de qualquer natureza e vamos contar efetivamente com 3.500 reais.

Inicialmente vou considerar que ele use a poupança para depositar 3.500 reias mensais, por 8 anos seguidos, para chegarmos ao preço do apartamento, que é 460.000 reais


Valor que deseja acumular (G)
R$
Taxa de Juro ao Ano (B)
%
Taxa de Juro ao Mês (C)
%
Prazo em anos (D)


Prazo em meses (E)


Fator de Acumulação (F)


Aplicação Mensal (A)
R$

* cálculos feitos com a calculadora do site Como Investir.


Considerando que a poupança renderá anualmente 6,8%, o que dá uma rentabilidade mensal de 0,55%, aplicando na poupança a cada mês exatos 3.650,83 reais (um pouco mais que 3.500,00)  durante 8 anos, ele chegará ao valor do apartamento. Nossa! Quem fez a mágica? Afinal, ele aplicou no total 350.479,68 reias, mas no final ficou com os 460.000 reias! Ou seja, a poupança o "deu" através dos juros + TR, exatos 109.520,32 reais. Como isso ocorreu? Através dos juros sobre juros, chamados tecnicamente de juros compostos, que são aqueles mesmos que fazem a sua fatura do cartão de crédito crescer desmedidamente, caso não seja paga. Só que no caso, ao invés de pagar juros, como pagaria num financiamento, está recebendo juros, o que é maravilhoso!


A VERDADE SOBRE O FINANCIAMENTO DE UM SONHO

Você pode argumentar que o apartamento provavelmente terá aumentado de preço e a inflação terá feito com que 460.000 reais daqui a 8 anos não tenham o mesmo poder de compra. OK, concordo com você, vamos pensar então numa situação mais real... Suponhamos que o apartamento tenha valorizado 8% ao ano, o que não é pouco e dependendo do bairro onde estiver talvez não chegue a isso. Bem, o apartamento estará custando, em 8 anos, 848.668,59 reais. Mas aí você me diz... Não dá para comprar o apartamento. É verdade, pois ficarão faltando 388.668,59 reais. Só que tem um detalhe importante, se ele quiser financiar o valor restante, já terá pago 54,2% do valor total e pelo fato de ter mais de 50% para pagar à vista poderá negociar com o proprietário um desconto, afinal, poucas pessoas terão 460.000 reias para dar de uma vez, de entrada e financiará menos da metade do valor total. Se ele financiar o restante (388.668,59), com 12% de juros ao ano (taxa média cobrada pelos bancos), em mais 7 anos, pagará 487.675,80 reais, com uma parcela de uns 3.800 a 4.000 reias mensais. No final, terá pago ao total 460.000 + 487.675,80 = 947.675,80. Bem mais que os 460.000 reias iniciais... 

Porém, se, pelo contrário, tivesse financiado o apartamento desde o início, sem juntar nada, pagaria o equivalente a 1.140.157,55 reais no total, levando-se em conta um financiamento com os mesmos 12% de juros ao ano, em parcelas fixas de 5.344,46 reais, bem mais que os iniciais 3.650,83 reais que deveriam ser aplicados na poupança e os, aproximadamente, 4.000 reias do restante do financiamento. Para a compra do apartamento em ambos os casos foi considerado um prazo total de 15 anos ou 180 meses. No final das contas, guardando dinheiro na poupança e se programando, o apartamento terá saído 192.481,75 reais mais barato e cá para nós, isso não é pouco dinheiro. Dá para comprar um ou dois carros muito bons, ou para guardar numa aplicação para a compra futura de outro imóvel... UAU, que maravilha! E olha que na simulação, utilizei a poupança, que é uma das opções de aplicação menos rentáveis, apesar de ser bastante segura e isenta do imposto de renda.

Moral da história, quem junta dinheiro recebe juros, quem financia, paga juros. Quem junta, ganha ainda mais, quem não junta, paga ainda mais... Espero que tenha ficado claro o que tentei expor nesse post. Não sou economista, mas psicólogo e digo isso para lhe encorajar a sempre fazer as contas antes de financiar uma compra, lembre-se, quem paga à vista, paga melhor, pois pode pedir desconto.

Junte, aplique, espere e não se arrependa!

Se achou esse post legal ou útil, comente, ficarei feliz em ler seu comentário e respondê-lo.

Bons Investimentos

DF

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Fontes:

http://www.comoinvestir.com.br/financas-pessoais/calculadoras/quanto-poupar/paginas/default.aspx
http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/ferramentas/simulador-poupanca.shtml
https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/calcularFinanciamentoPrestacoesFixas.do